o nó salgado.

Hoje andei o "dia", ou melhor. O resto dele, com o nó na garganta. Aquele que só se desfaz quando cai a lágrima. Sem pena, ou preocupação. Vai rolando pelo rosto, até que chega à boca sob forma de desabafo. O nó salgado. Chorar não é vergonha nenhuma. Já dizia o outro: "Vergonha é roubar e ser apanhado". Às vezes perguntam-me como posso tornar público, coisas tão intimas como estas. Perguntam-me como sou capaz de escrever coisas tão sentidas (tão minhas), quando sei que podem ser mal interpretadas. Não vos digo o que respondo. Penso que chega o facto de continuar a manter este espaço vivo. Mas faço questão de dizer. Que partilharia este e mais estados de alma sem hesitar, e sem dar lugar ao arrependimento. Se um dia me questionaram nesse sentido, de: "porquê isto e porquê aquilo". Também já fizeram o oposto. Não questionar. Ouvir ou ler um simples: "Ana gostei". Ou algo do tipo: "Sabes, se hoje não tivesse aberto o teu blog, tinha ficado a sofrer calada(o)"; "Estou a sentir exactamente o mesmo". Por isso faz todo o sentido, fazer uma "postagem" destas. Não fico mais vulnerável por mostrar que hoje estou triste. Todos temos fases más. Todos nós já sentimos o nó na garganta e partilhar momentos assim é quase tão bom quanto partilhar momentos de alegria. Mostramos a quem nos visita, e a quem se identifica com este estado de espírito, e com o que escrevemos, que não estão sós. Dividir o fardo sem ter que combinar um café com o "amigo". Chamêmo-lhes os "encontros desencontrados", os encontros não programados. Num search desacreditado, do género: "Sinto-me triste", vem o aconchego, que nem aquela conversa com o melhor amigo nos traria. Mostrar ao mundo o que sentimos, e deixar que a outra metade nos diga: "Sinto o mesmo". Mesmo que seja no silêncio de um click. Um desabafo com todos e com ninguém. Não será um motivo mais que suficiente?