terça-feira, 4 de setembro de 2007

Voltei a estaca zero no auge das recordações...


Parecia tudo tão bem resolvido... As 'prateleiras' estavam bem organizadas. Cada sensação no seu devido lugar. Já algum tempo que não havia espaço para a inquietação, para a o mal-estar. Até mesmo, para aqueles momentos de maior melancolia, em que de longe observava cada 'prateleira', com medo de que tudo aquilo, se tornasse apenas uma simples e velha mobília! Hoje voltei a sentir esse medo. Medo de não poder voltar a viver momentos como aqueles, que tinha encerrado na escuridão daquelas gavetas, na imensidão daquele lugar tão sábio, onde guardava as minhas histórias! Mesmo que a gaveta da saudade se abrisse com frequência, não era algo que fizesse inconscientemente... segura de mim mesma, recordava cada passagem daquela historia, como se tivesse necessidade de o fazer para seguir o meu caminho em paz. Deixando as duvidas para trás?!, acreditando que aquele passado me traria um novo "conto", num futuro próximo! Todos nós gostamos de reler aquele livro que tanto nos marcou, mesmo sabendo que não há como o primeiro impacto. Talvez o percebamos melhor depois de o ler algumas vezes, e depois de o fazer, damos-lhe sem dúvida o valor que ele merece! E esta historia não é propriamente a de um livro, mas sim a minha história. Feita de pontos altos e baixos. Feita de sonhos perdidos. Sonhos concretizados. Momentos felizes, momentos amargos, mas real acima de tudo! Guardar toda a minha história naquela mobília.. Foi um "processo" complicado, do qual por momentos me orgulhei, pela capacidade de deixar de depender dela para viver! Com o tempo ela ganhou pó, apenas se via o ligeiro brilho das dedadas que estavam marcadas na gaveta da saudade e hoje esse brilho superou todo aquele manto de cotão que a tornava baça e sombria. Não eram só recordações, não eram só saudades... e de todo que não era um momento de força abrir aquela gaveta hoje...e de longe a abri com a paz de espírito à qual já me tinha acomodado! Aquele brilho iluminou os meus olhos, fez o meu coração palpitar, e em breves momentos eu senti que queria não só, o brilho daquela gaveta, mas sim o brilho de toda aquela mobília... que parecia estar abandonada. Cheia de sentimentos que não tinham morrido, mas sim hibernado! Mas...e porque há sempre um mas... A verdade é que sinto as minhas mãos atadas. Sinto que me falta tacto para tirar cada grão de pó que se foi acumulando durante estes meses. Com tudo isto, voltei às duvidas, às incertezas... aquele brilho por mais luminoso que tenha sido, mesmo me tendo enchido a alma, é também assustador. Porque sem querer o que construí durante meses, está agora tudo virado de pernas para o ar...sinto que subi até à mais alta estante e o medo de derrubar tudo, deixa-me inquieta e demasiado insegura! Pensar que a saudade desta vez tenha causado desarrumação, não esta a solucionar a minha dúvida, nem apaziguar o meu coração! A saudade não me perturbava assim, há bastante tempo! Voltei a estaca zero no auge das recordações... não sei se deixo aquelas histórias intactas, ou se procuro uma continuação...Sempre soube que deixar o passado no seu devido lugar, não era tarefa fácil. Sempre soube que não existe um tempo definido para se "esquecer", mas julguei que quando conseguíssemos dizer... ‘já não amo mais, no silencio do nosso pensamento’, seria um bom indicio de que o brilho daquela mobília jamais voltaria a despertar sensações tão fortes! Não sei, não sei...se é apenas um momento mais sensível. Um momento de fraqueza, ou necessidade de ser feliz! Questiono, questiono... o que terá acontecido hoje!?! Queria uma resposta imediata, mesmo sabendo que é 'impossível'...resta-me recorrer ao dicionário que construí nestes últimos tempos e procurar uma palavra o mais racional possível. Pois pela "enciclopédia emocional", acabaria por me sentir à deriva...Por isso, neste momento o mais sensato é viver com o que tenho. e não sonhar com o que gostava de ter! O meu coração tem folhas novas, tinta fresca, sensações recentes, gavetas abertas e a minha vida novas histórias... Coisas das quais não vou abdicar por medo, ou inseguranças ... que o o brilho maior, ilumine os meus passos daqui em diante, mesmo que comece num simples raio de luz duma gaveta semiaberta... Espremi a "laranja" toda ... restaram caroços ... e com o passar dos dias ...entram em decomposição ... Até logo!

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