sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Killing me softly ...

Há muito que não deixava cá um pedacinho ‘verdadeiramente’ meu, talvez porque as dúvidas me têm feito companhia de tal forma nestes últimos meses, que acreditei que a melhor solução fosse de facto guardar qualquer tipo de pensamento a sete chaves e traduzi-los apenas em músicas e frases soltas, para mostrar aos que me visitam através deste espacinho, que estou viva. Com pena minha hoje vou quebrar esse “jejum” e vou ter um desabafo com todos e com ninguém, escrevendo sobre a dor. "A Dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo actual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reacção orgânica e emocional." Perguntam vocês depois de ler esta pequena introdução, com direito a uma definição tão concisa: “ A Ana está definitivamente louca?”Ao que respondo: " Já estive mais longe". Bem continuando, pois não faço intenções de discutir a minha sanidade, esta foi uma das variadíssimas definições que poderia encontrar para descrever uma dor física... já uma dor interior, é tão difícil de explicar. Dor, companheira fiel de quando o amor nos mostra a virgula ou o ponto final… De certo que todas as dores físicas que possamos ter, por mais incómodas que sejam, não conseguem igualar-se ao que uma dor interior provoca. E eu hoje sinto uma dor interior inexplicável, e por mais que eu tente exprimir o que sinto neste momento, é me quase impossível. Poderia adjectivar, e acreditem que me perderia em palavras, contudo penso que nenhuma delas faria jus ao que estou a sentir. Há coisas para as quais não há explicação, e por vezes de pouco ou nada adianta buscar respostas que só aumentam o nosso desassossego de espírito. Fazê-lo deveras que não se traduz num acto de cobardia ou fuga, mas sim num acto de aceitação. Garanto-vos que mesmo sentindo esta dor dilacerante, aprendi que “remar”contra a maré apenas nos faz ficar mais distantes da costa, e com isso acabamos por nos tornar mais frios, mais amargos. Se sempre optei pelo caminho mais doce e terno, e pelo caminho da força e coragem, embora com dúvidas, vou voltar aceitar esta dor, da mesma forma. Lutar contra ela só a tornará mais forte, e fará com que consequentemente me sinta mais fraca. Escrevo, escrevo e podem perguntar-me: Escreves para quê?! Escrevo porque quer acreditem quer não, sinto que um peso enorme é afastado do meu coração, quando toco em cada tecla, após imaginariamente escrever os meus pensamento como que sobre papel na minha mente! O meu discurso pode estar a ser mal interpretado, mas antes de nosso, este espaço é meu e sei o quanto é importante expulsar todo incomodo que sinto agora. Mesmo que o que vá escrevendo pareça não fazer sentido algum. Na verdade cansei de escrever com precaução... e se nos últimos tempos tem sido a escrita a voz do meu coração, se tem sido a escrita o grande meio de encurtar distâncias, porquê ser constantemente julgada pela entoação errada que conferem às minhas palavras? Não sou perfeita, nem tenho pretensões de o ser, mas tomara eu conseguir descrever tudo o que penso e sinto, assim como conseguir provar diariamente a veracidade dos meus sentimentos, sem cometer erros. Se um dia por ventura julguei ter jeito para as palavras, acho que as mesmas têm sido as minhas maiores inimigas nos últimos tempos. Cansada de más interpretações sinto-me cheia de questões que insistentemente me perturbam a alma. Será que temos o direito de julgar, direito de criticar alguém, quando essa pessoa nos abre o coração? Apenas porque não definiria da mesma forma, o que é por exemplo o amor!? Estou de facto longe da perfeição, mas duma coisa estou ciente, sei que há um tema do qual ninguém me pode chamar atenção ou corrigir, e se falo de sentimentos e os descrevo como sinto, porquê ser chamada atenção e ser acusada de não saber do que falo?! Será o amor que os outros dizem sentir mais importante do que o que eu sinto, ou mais correcto do que o meu? Existe disso? Para mim não existe! Se vou sofrer muito na vida por ser sonhadora, que sofra, embora doa, embora esta dor interior seja pulsante e destruidora, eu acredito que na verdade, cada um tem de facto aquilo que merece. E eu mereço muito, e hei-de fazer sempre por merecer. Fazer por merecer aquelas ditas pequenas coisas…coisas essas que me ‘roubam’ um sorriso, mesmo quando estou no fundo do poço. Chega de sentir-me culpada quando tenho as melhores intenções. Quem me ama tem que aceitar as coisas que eu faço, acreditar nos motivos que me levam a fazê-las e acima de tudo crer nas minhas palavras e não fazer-me sentir esta dor constante. Se a dor é o período de tempo em que a verdade está a ser gerada, quero conhecer essa verdade, sem que haja pena. Já alguém dizia "Morremos gestantes da ansiedade que nada espera", e de todo que não quero morrer sem chegar à costa! Se comigo só consegues vislumbrar marés turbulentas que em nada invocam o amor, dá rumo certo a esta dor.

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