domingo, 30 de março de 2008

Programar?!

Vou começar a escrever e acreditem que não programei escrever isto. "Isto" que nem sei bem de que conteúdo será feito, ou até se terá algum conteúdo, mas algo há-de sair daqui. Há uns minutos atrás dei comigo a pensar na vida, (pois, que tema mais subjectivo). Mais precisamente, dei comigo a pensar naquelas pessoas que primam pela organização, pelo método e pelas coisas bem programadas. Há quem programe uma ida ao cinema, há quem programe um jantar, há quem programe uma vida! E daí? E daí é que todos nós temos horários a cumprir, todos nós vemos a nossa vida pautada por obrigações a cumprir, todos nós temos responsabilidades etc. Até aí tudo bem. Basta saber conciliar, (conciliar, que palavra engraçada). Ninguém disse que era fácil e se disse eu não vou repeti-lo, se bem que aquele basta, soou a isso. Ok, em frente. Uns sabem lidar com isso, outros até gostam e outros até nem ligam nada. A esses chamo as "excepções à regra", elas têm de existir, pois caso contrário não faria o mínimo sentido haver qualquer tipo de norma. Adiante. Voltando ao "tipos de programação". Programar uma ida ao cinema é "giro", pode passar pela conciliação dos nossos horários face às nossas responsabilidades, ou até face aos horários dos dos nossos amigos, bla bla bla... como até pode ser uma simples vontade, ou outra coisa qualquer. Programar um jantar é igualmente "giro", seja pela razão que for. E programar uma vida? Será correcto ter tudo delimitado de tal forma, a ponto de ter programado que o almoço do próximo fim-de-semana, será "bacalhau no forno"? Acho que hoje em dia, está tudo mais preocupado com o local onde vão passar as férias de Verão, do que mais propriamente desfruta-las e saborear o descanso de um ano de trabalho. Quando elas finalmente chegam, acho que já foram feitas tantas programações que se a viagem for cancelada não é muito preocupante, pois enquanto comiam o bacalhau de há uns meses atrás, que já tinha sido programado com uma semana de antecedência, já tinham feito a viagem em pensamentos, de tal forma que o bacalhau no forno deve ter sabido a pão com manteiga (que diga-se de passagem, é muito bom). Vejo as pessoas atropelarem a vida sem de facto a saborearem. Hoje é domingo e uma ida ao MacDonald’s só mata a "fome", ou a gula, porque a segunda-feira e quem sabe até a terça, já lhes consome os pensamentos. Que sabor tem viver uma vida assim? Eu sou jovem, é uma verdade, tenho muito que aprender, mas... Não, não tenho metade das responsabilidades que a Dona Manuela minha vizinha tem, também é uma verdade. Mas acredito, que se ela lê-se este post pensava no tempo que perdeu a pensar no bacalhau no forno, que estava intragável, mas que ninguém notou, porque ja estavam a pensar no almoço de amanha, assim como na viagem fabulástica de Verão. Tanta coisa, tanta palavrinha, quando talvez bastasse o: "Carpe Diem". A verdade é que tenho pena. Incomoda-me que deixem escorregar a vida pelos dedos, como deixou a Dona, mas aquilo era só sal...

9 COMENTÁRIOS:

Anónimo disse...

Acho que toda esta organização e programação só resulta da própria evolução da nossa sociedade. Crescemos todos com um certo percurso delineado à nascença, objectivos colocados inicialmente pelos nossos pais e posteriormente aprovados ou não por nós. A partir deste momento tudo depende de cada um, das nossas prioridades, dos nossos sonhos. O problema em todo este planeamento e método é que muitos de nós nos esquecemos da dualidade do ser humano: por um lado um ser racional capaz de se adaptar ao meio, de lidar e seleccionar os estímulos a que é constantemente sujeito e por outro temos a nossa componente primitiva, o nosso lado instintivo e emotivo que no seu auge se sobrepõe completamente à nossa capacidade racional (apesar deste limite depender obviamente de pessoa para pessoa).

Todos nós definimos metas, objectivos que pretendemos alcançar, mas na realidade tomamos esta atitude a maior parte das vezes devido à nossa própria insatisfação com o presente. Começamos na infância por fazer os trabalhos de casa, comer a fruta toda porque sabemos que a seguir poderemos ir brincar. Quando crescemos, os trabalhos de casa e os brinquedos são outros, mas a atitude e a ansiedade é a mesma. Aturamos um dia de trabalho porque sonhamos com o descanso que vem a seguir, o descanso que planeámos. Tudo isto é uma forma de sabermos lidar com os aspectos da vida que somos obrigados a viver. Não podemos realizar todas as nossas vontades e sonhos num dia, então criamos em nós um espiríto de esperança para nos ajudar a ultrapassar os períodos intercalares. Quase sempre tudo isto se vai modificando, os nossos sonhos vão sendo moldados, ramificados ou até completamente substituídos por outros, mas a verdade é que quando chegámos à hora H a experiência final é sempre diferente. Devemos planear a nossa vida, definir objectivos, mas não ficarmos demasiado dependentes deles, criando alternativas e encontrando refúgios que nos vão permitindo compreender melhor as nossas próprias vontades. Em vez de caminharmos pela estrada mais curta e turbulenta, escolhamos o caminho mais agradável, mesmo que torne a nossa viagem mais demorada. Não é apenas o início e o fim que interessam, mas também todo o percurso que nos vai dando indicações do caminho que queremos seguir.

É inevitável reflectir, planear, lutar, principalmente porque estamos biologicamente "limitados" a não parar de pensar e quando os pensamentos do presente nos desagradam, partímos para os do futuro. Planearmos que não vamos planear é um planeamento em si por isso saibamos escolher os caminhos e atalhos mais apropriados. A verdadeira perícia é fazermos o que essa palavra engraçada nos permite. Conciliar, não propriamente o futuro com o presente, mas a dicotomia da natureza humana, dar aso ao nosso lado racional e metódico com base na imprevisibilidade das nossas emoções.

Ana Silva disse...

Esse lado objectivo (cientifico), mata-me!

Li bem o que escreveste, mas acho que interpretaste "mal" o que escrevi, ou até interpretaste correctamente mas apeteceu-te divagar.

Vá beijinho oh totó *


;)

Anónimo disse...

Estes textos dão sempre muita margem de manobra :P Acho que abordei de uma forma mais abrangente um tema que especificaste devido à tua própria experiência pessoal. Às 3h da manhã também sai de tudo ^^ :D

Beijinho toina ;)

A. O. disse...

Bem, parece que neste cantinho temos uma promoção: um post, duas abordagens, duas divagações sobre a vida :D hehehe!

Eu cá resumiria o que disseste com uma frase que a certa altura fotografei num cardápio: "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos!" Frase batida, feita, solta, pronta a qualquer um usar. Mas o facto é que nas frases batidas se encerram por vezes grandes verdades. E esta parece-me uma óptima síntese do que aqui foi dito. =)

Também concordo com o Alexandre no sentido em que é um tema com muita margem de manobra, mas fico-me só pelo cliché! =)

Beijinhos *

Anónimo disse...

Ontem depois de escrever este comentário olhei para o citador do blog à direita onde estava "Pensa-se a partir do que se escreve e não o contrário". Se é óbvio que, objectivamente, isto não é verdade, surgindo inicialmente as imagens mentais, a base que nos permite agir e escrever segundo os nossos princípios, penso que olhando esta frase por um prisma diferente é possível identificar uma grande verdade.

Textos como estes que escrevemos nos quais focamos temas tão abstractos e ao mesmo tempo profundos são, sem dúvida, uma forma de expormos os nossos ideias, a nossa perspectiva relativamente ao mundo. No entanto, o que, na minha opinião, muitas vezes acontece é que tudo isto que escrevemos e partilhamos aqui são todos aqueles aspectos e circunstâncias da vida que nós sentimos que não estamos a corresponder. Ao escrevermos, ao passarmos do imaginário para o concreto é uma forma de reforçarmos as nossas ideias, de corrigirmos o que sentimos que estamos a falhar em relação à nossa própria maneira de pensar.

Se calhar estou a ser um pouco presunçoso nesta observação, mas acho que tanto a Ana como eu, apesar de termos escrito e abordado este tema, aqui iniciado, de uma forma um pouco diferente, nenhum de nós está realmente a aplicar nas nossas vidas estas ideias que demonstramos ter bem assentes nas nossas cabeças e, talvez, seja mesmo essa a razão que tenha originado todo este debate.

Ana Silva disse...

Hmm já há debates por cá?!

Li atentamente o que escreveste, mas não concordo com algumas coisas. Acho que me conheces bem e ao mesmo tempo, não tão bem quanto eu pensava. Não julgues que é mau dizer-se isto. Pensa que ainda há mais para conhecer.:)

No que toca ao teu comentário e ao meu Post, que penso ter sido bem claro, digo-te que não vejo enquadrada nas pessoas que vivem a programar a vida como se duma simples ida ao cinema se tratasse. E tão pouco sinto, que não estou a corresponder a esse ditos "ideais". A verdade é que tento sempre viver o momento ao máximo, seja de que forma for, tento tirar sempre algo de produtivo das coisas que faço, mesmo que, verdade seja dita pouco tenha feito ultimamente (mas isso é outra história, da qual não pode haver debate, pois são as minhas opções, doa a quem doer (que não doi) lol.

Mais que isso, sonhar não é programar e sim eu sonho bastante para nao azedar e não para não ser levada para outro "mundo", que tão distante fica do meu mundo "cor de rosa".

Acho que divagaste um pouco no primeiro comentário, mas não acho que tenha sido desnecessário, gosto sempre de conhecer as opiniões dos outros.

Quanto ao programar que eu falei, foi precisamente aquele programar que lá está, nua e cruo e bem assado como o bacalhau, nada mais.

As razões que me levaram a escrevê-lo, não foi para me mentalizar e ver que estou desajustada e em falta comigo mesmo nesse aspecto.

O motivo, claro está, é pessoal e que me toca directamente ... surgindo uma vontade louca, perante "n" acontecimentos, que deu nisto "Programar"


Quanto ao que escreveste Dre, essa frase não me era estranha e se um "Carpe Diem", cai que nem uma luva na ideia que quis transmitir, essa "cai como duas" ;)

Beijo pros dois, e voltem sempre :)

Anónimo disse...

Este é um daqueles casos então que fico feliz por estar enganado :P De qualquer das maneiras acho que é sempre positivo poder discutir e abordar perspectivas diferentes de temas que podem realmente ser determinantes para as decisões que tomamos na nossa vida. Para além disso quem passar por aqui pode ser que se identifique com uma ou outra abordagem e consiga tirar algum proveito desta troca de opiniões.

Que venham os próximos :) **

A. O. disse...

E o debate continua... :D

O problema das teorias, é sempre como coloca-las em prática. "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos", "Carpe Diem", "Não deixes para amanhã aquilo que podes fazer hoje", etc., etc. Estas e muitas outras frases, embora sejam usadas e abusadas diariamente, proclamadas como filosofias de vida por várias pessoas, e por vezes tornando-se banais, como já disse em cima, encerram em si verdades. E penso que mais que isso, estas frases oferecem-nos uma fórmula muito simples do alcance da felicidade. O problema está, pois então, em aplica-las na nossa vida, aproveitar o dia é muito lato, muito subjectivo, descobrir como faze-lo é o desafio que a vida nos coloca. A busca da felicidade faz-se todos os dias, o alcance dela são mais raras e fugazes as vezes em que acontece. Por outro lado, temos outro desafio, desafiar o conformismo, a ociosidade, a inércia, lutar contra a monotonia que muitas vezes nos invade e nos apodera.

Mas penso que apenas o facto de nós aqui estarmos a desenvolver este tema, desta forma interessada, nos dá algo mais produtivo ao nosso dia. Reflectir sobre o mundo em que vivemos, pode até às vezes nos colocar mais dúvidas, mas enriquece-nos, e isso poderá ser com certeza, a meu ver, um contributo na busca da felicidade.

Pelo menos não pensamos na Dona Manuela nem no seu bacalhau assado no forno. :D

Beijos para os 2

Ana Silva disse...

Concordo contigo Dre.

Não vou cair no erro de repetir-me, está tudo aí. É exactamente isso é, "É isso aí".

Beijinho grande :)*